Papa Francisco, Falso Profeta?

É difícil encontrar quem não goste do Papa Francisco. Ele é bonachão, gente boa, humilde, amigo dos pobres, não gosta de riquezas e opulências, não implica com os homossexuais e nem com os abortistas. Dizem até que ele vai andar de fusca, e como se pode ver na foto acima, gosta de coisas simples. Maravilha, não é mesmo?

E se eu lhe disser que o Papa Francisco veio para destruir a igreja católica e blasfemar contra Cristo, você acreditaria? É verdade, e é como católico que eu lhe digo isso.

Francisco é o representante da maçonaria infiltrada na igreja, que finalmente conseguiu eleger o seu papa. É duro dizer, mas o demônio chegou ao papado. Ele é a besta do Apocalipse 13-11 ”que se veste como um cordeiro (símbolo de Cristo), mas fala como um dragão” (blasfema contra Deus).

Você lembra o que Paulo VI disse? “A fumaça de satanás de infiltrou na igreja”. E agora chegou ao seu vértice.

João Paulo I foi assassinado com apenas trinta dias de pontificado, lembra? Tentaram matar João Paulo II logo no início de seu pontificado com um tiro à queima roupa, lembra? E Bento XVI, coitado, foi tão perseguido que acabou tendo que renunciar, como se fosse um incompetente. Escândalos e mais escândalos estouraram em seu pontificado. Até seus documentos pessoais foram roubados, para poder chantageá-lo.

E agora com Francisco não existem mais escândalos sexuais nem financeiros. A mídia, controlada pela maçonaria o está endeusando, fazendo dele um ídolo, um líder inovador, um mito. Reis, rainhas e governantes têm vindo beijar o seu anel, em reverência a “sua santidade”. Que mudança brusca, não é mesmo?

Mas o que deseja Francisco? É simples: a luta entre Deus e o diabo continua. Como o diabo sabe que nada pode contra Deus, passar um tempinho sentado na cadeira de Pedro já está bom, pois de lá ele pode “abrir a boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar o seu nome, o seu tabernáculo e os habitantes do céu” (Apoc. 13-6).

Outra missão de Francisco é facilitar o surgimento do anticristo, pois ele trabalha segundo as ordens deste, pois está sob sua vigilância, como vemos em Apocalipse 13-12. Foi primeiro preciso “ferir o pastor” (Zacarias 13,7), ou seja tirar Bento XVI, para que as ovelhas fossem dispersas (os fies). A partir de agora haverá uma grande confusão e divisão dentro da igreja católica e no mundo todo, e no meio desta confusão surge o anticristo apoiado por Francisco, que aliás já declarou que o microchip (marca da besta) é benéfico para a humanidade, não existindo na Bíblia nada que impeça o seu uso (será que Francisco já leu o Apocalipse alguma vez?)

Outra missão suja de Francisco: promover o aborto e o homossexualismo no mundo. Estes dois pecados são abominações e dão poder à satanás. É por isso que tem dinheiro à vontade para promover parada gay no mundo todo e para praticar o aborto. No Brasil o próprio governo paga o médico para a mulher que queira abortar. Recentemente Francisco afirmou que os católicos são “obcecados” com o aborto e o homossexualismo. Sublimarmente ele disse: “esqueçam aborto e homossexualismo”. Aliás, quando esteve no Brasil Francisco não fez nada para evitar o aborto, cuja lei já estava pronta, e que agora foi assinada por Dilma.

Francisco está usando mensagens sublimares, para blasfemar contra a igreja, para ser mais claro, para avacalhar mesmo com ela.

Quando perguntado pela repórter o que achava do lobby gay dentro do vaticano, Francisco respondeu: “ser gay não tem problema”. E deu uma grande pausa. E depois continuou: “o problema é o lobby gay”.

A mensagem sublimarmente passada: o homossexualismo está liberado. Resultado: explosão do homossexualismo no mundo, tendo sido Francisco eleito o “homem do ano”, pela maior revista gay dos estados unidos. Eu já vi, na missa, vários casais gays se acariciando como se fosse a coisa mais normal do mundo. E ninguém pode falar nada, pois Francisco liberou, mesmo que sublimarmente.

Mas o pior de tudo é que Francisco está atentando contra o sacrifício de Cristo na Cruz. A blasfêmia maior de todas é a de negar o culto devido só a Deus para dá-lo às criaturas e ao próprio satanás.

Cristo derramou seu sangue na cruz para nos salvar. Foi para pagar o pecado de Adão e nos reconduzir ao Pai que Cristo se sacrificou por nós.

Agora, Francisco está anulando o sacrifício de Cristo. Recentemente ele disse: “não é preciso converter ninguém. Ajude o pobre e vá embora”.

Esta afirmação pode parecer bonita e caridosa, porém, ela elimina o sacrifício de Cristo.

Ajudar o pobre, o menor abandonado, o doente, a viúva desamparada e todos aqueles que precisam, é uma conseqüência do amor à Deus. Se amo à Deus, também amo ao meu próximo, e consequentemente o ajudo naquilo que ele precisa. Enquanto esteve na terra, Cristo ajudou intensamente os necessitados. Ajudar ao próximo é uma excelente atitude, que vai ajudar no nosso julgamento diante do Pai, pois “seremos julgados pelas nossas obras” (Rom 2-6).

Mas veja bem, o que salva não é a caridade. Jesus quando enviou os doze apóstolos disse: “Ide ao mundo e pregai o evangelho à toda criatura da terra. Aquele que crer e for batizado, será salvo, mas quem não crer será condenado” (Marcos 16-16).

Cuidado, você pode passar a vida toda fazendo caridade e ir para o inferno.

E é isso que o papa Francisco quer, lhe levar para o inferno. Ele quer tirar Cristo do centro e colocar os pobres, mas pobre não salva ninguém, quem salva é Cristo.

Outra armação pesada de Francisco: “todas as religiões levam a Deus”. Parece bonito não é mesmo? Assim sendo, você pode ir na macumba, que lá você irá encontrar a Deus também.

Mas pense nisto: só Cristo morreu na cruz, logo, o caminho para o céu, é somente através dele. Você já viu algum Buda crucificado? Maomé foi pra cruz? E Alan Kardec, passou por lá? Veja o que disse o próprio Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida;ninguém vem ao Pai senão por mim (João 14,6).

Repetindo o que disse Jesus:” Ninguém vem ao pai senão por mim”.

Cuidado: quando Francisco anunciar a criação da igreja ecumênica mundial, unindo todas as religiões, não caia na lábia dele. O que ele quer é lhe afastar de Cristo e levá-lo à Satanás.

Aqui novamente Francisco está querendo lhe levar para o inferno. Siga um caminho diferente ao de Cristo e você vai ver onde vai parar.

Aliás, recentemente Francisco disse que o inferno não existe mais. O que ele quer, é que você não creia mais na existência do inferno, para lhe mandar para lá.

“Roma perderá a fé, e converter-se-á na sede do anticristo". Sabe quem disse isto? Parece coisa de fanático, não é mesmo? Mas esta afirmação é de Maria, mãe de Jesus e nossa, em La salette, França em 1846, aparição reconhecida pela igreja. Veja a mensagem completa (http://www.rainhamaria.com.br/Pagina/366/Os-Segredos-de-La-Salette), você vai se surpreender.

Na verdade, a partir de La Salette, Maria antecipou o que iria acontecer no mundo. Em Fátima, Portugal, em 1917, Maria disse que o demônio se infiltraria até o vértice na igreja, além de ter previsto o fim da primeira guerra, a expansão do comunismo e o início da segunda guerra. Acredita-se que o fato do demônio ter chegado ao papado, faça parte do terceiro segredo de Fátima, que na verdade não foi divulgado.

Em Akita, Japão em 1973 Nossa Senhora disse: "O Diabo se infiltrará até mesmo na Igreja de tal um modo que haverá cardeais contra cardeais, e bispos contra bispos. Serão desprezados os padres que me veneram e terão opositores em todos os lugares. Haverá vandalismo nas Igrejas e altares. A Igreja estará cercada de asseclas do demônio que conduzirá muitos padres a lhe consagrar a alma e abandonar o serviço do Senhor".

Eu já vi dois padres, em uma emissora católica, em rede nacional, incentivar o casamento civil gay, e ainda citam as encíclicas do papa Francisco para justificar tal abominação. O que os padres não dizem, é que os afeminados vão para o inferno, pois “não vos enganeis: nem os impuros, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os devassos, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os difamadores, nem os assaltantes hão de possuir o Reino de Deus” (1Cor 6, 9-10), e também Apoc 21.8: Os tíbios, os infiéis, os depravados, os homicidas, os impuros, os maléficos, os idólatras e todos os mentirosos terão como quinhão o tanque ardente de fogo e enxofre, a segunda morte. Se você ler as mensagens marianas como La Salette, Akita, Fátima, Lourdes e outras, vai se surpreender com o que Maria tem dito. O problema é que Deus e sua mãe foram esquecidos por esta geração.

Assim sendo, o aviso foi dado. Muita coisa ainda vai acontecer daqui para frente. Fique atento pois Cristo realmente está voltando para instalar seu definitivo reino de amor. Não fique de fora.

Movimento de Resistência Católica Viva Bento XVI

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sábado, 30 de abril de 2016

Infalibilidade. O apelo de Hans Küng ao Papa Francisco


Nesta semana, Hans Küng, sacerdote católico e teólogo suíço, completará 88 anos de idade. O quinto volume de suas obras completas, intitulada “Infalibilidade”, foi há pouco publicada pela casa editorial alemã Herder. Em consonância com a publicação de “Infalibilidade”, Küng escreveu o seguinte “apelo urgente ao Papa Francisco para permitir uma discussão aberta e imparcial a respeito da infalibilidade do papa e dos bispos”. O texto deste apelo urgente está sendo divulgado simultaneamente pelo National Catholic Reporter e pela revista The Tablet.
Hans Küng, cidadão suíço, é professor emérito de Teologia Ecumênica na Universidade de Tübingen, Alemanha. É presidente honorário da Fundação Ética Global (Global Ethic Foundation, www.weltethos.org).
O sexto volume de suas obras completas, intitulado Church Reform, está previsto para sair ainda este ano pela editora Herder.
http://www.imaculadamaria.com.br/z1img/01_10_2014__08_27_2059557ac2336b417142438f1837dcf1ee128f4_640x480.jpg
Este artigo, cujo idioma original é o alemão, foi traduzido para o IHU por Isaque Gomes Correa, a partir da versão inglesa de Christa Pongratz-Lippitt publicada por National Catholic Reporter, 09-03-2016. A tradução do artigo foi revisada por Luís Marcos Sander.
Dificilmente se pode conceber que o Papa Francisco se esforce em definir a infalibilidade papal como o fez Pio IX com todos os instrumentos à sua disposição no século XIX. É também inconcebível que Francisco esteja interessado em definir infalivelmente os dogmas marianos como o fez Pio XII. Seria, no entanto, muito mais fácil imaginar que o Papa Francisco dissesse, sorridente, aos alunos: “Io non sono infallibile” – “Eu não sou infalível” –, como fez o Papa João XXIII em sua época. Quando viu quão surpresos ficaram os alunos, João XXIII acrescentou: “Só sou infalível quando falo ex cathedra, mas isso é algo que eu jamais farei”.
Familiarizei-me com o assunto muito cedo em minha vida. Apresento aqui algumas datas históricas importantes que vivenciei pessoalmente e documentei fielmente no volume 5 de minhas obras completas:
1950: No dia 1º de novembro, diante de uma enorme multidão na Praça de São Pedro e apoiado por numerosos dignitários políticos e do alto escalão da Igreja, o Papa Pio XII proclamou definitivamente a Assunção de Maria como um dogma. “A imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, tendo terminado o curso de sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”.
Eu estava lá, na Praça de São Pedro, na época e devo admitir que aclamei com entusiasmo a declaração do papa.
Esta foi a primeira proclamação ex cathedra infalível feita pelo principal pastor e suprema autoridade magisterial da Igreja, que havia invocado o auxílio especial do Espírito Santo, tudo de acordo com a definição da infalibilidade papal formulada no Concílio Vaticano I, de 1870.
E esta seria a última proclamação ex cathedra até hoje, já que nem mesmo João Paulo II, que restaurou o centralismo papal e sempre gostou de publicidade, atreveu-se a agradar o público proclamando um novo dogma. Esta proclamação dogmática de 1950 foi feita apesar dos protestos das igrejas protestantes e ortodoxas bem como de muitos católicos, que simplesmente não viam provas na Bíblia para esta “verdade da fé revelada por Deus”.
Lembro-me de estudantes de teologia alemães, nossos hóspedes no Collegium Germanicum (Colégio Germânico) em Roma, debatendo no refeitório os problemas que tinham com o dogma nessa época. Poucas semanas antes, um artigo fora publicado pelo então principal patrologista alemão, o professor Berthold Althaner – especialista católico altamente reconhecido no campo da teologia dos Padres da Igreja –, no qual Althaner, listando muitos exemplos, mostrava que esse dogma sequer tinha base histórica nos primeiros séculos da Igreja antiga. O dogma remonta a uma lenda contida em um escrito apócrifo do século V repleto de milagres.
Nós, seminaristas do Collegium Germanicum na época, achávamos que os professores universitários “racionalistas” dos estudantes haviam ocultado deles a percepção geral da Pontifícia Universidade Gregoriana concernente a este dogma. A percepção geral na Gregoriana era de que o dogma da Assunção tinha se “desenvolvido” lenta e, por assim dizer, “organicamente” no transcurso da história dos dogmas, mas que já tinha sido afirmado em passagens bíblicas como “Ave (Maria) cheia de graça (bendita sois vós)”, “o Senhor é convosco” (Lucas 1:28), e, ainda que não fosse expresso “explicitamente”, foi, não obstante, incorporado “implicitamente”.
1958: A morte de Pio XII marcou o fim de um século de cultos marianos excessivos por parte dos papas Pio que começaram com a definição do dogma da Imaculada Conceição em 1854. O sucessor de Pio XII, João XXIII, não era inclinado a novos dogmas. No Concílio Vaticano II, em uma votação crucial, a maioria dos Padres Conciliares rejeitou um decreto mariano especial e, na verdade, advertiu contra uma piedade mariana exagerada.
1965: O Capítulo III da Constituição Dogmática sobre a Igreja é dedicado à hierarquia, mas, curiosamente, o parágrafo 25, que trata da infalibilidade, de forma alguma entra no assunto. O que surpreende mais é que, na realidade, o Concílio Vaticano II deu um passo fatal. Sem indicar razões, ele estendeu expressamente a infalibilidade, que havia sido restrita unicamente ao papa no Concílio Vaticano I, ao episcopado. O Concílio atribuiu a infalibilidade não só ao episcopado reunido em um concílio ecumênico (o magisterium extraordinarium), mas a partir de então também ao episcopado mundial (o magisterium ordinarium), ou seja, aos bispos em todo o mundo caso eles estivessem de acordo e decretassem que um ensinamento da Igreja sobre a fé ou a moral deveria se tornar permanentemente obrigatório.
1968: Ano em que a encíclica Humanae Vitae sobre o controle de natalidade foi publicada. O fato de essa encíclica ter sido lançada no dia 25 de julho – não só durante as férias de verão, mas também, além disso, em meio à luta do povo checoslovaco por liberdade – é geralmente interpretado como uma tática romana para que houvesse menos oposição a ela. Talvez, no entanto, ela tenha sido publicada nessa ocasião simplesmente porque o trabalho de elaboração deste documento delicado havia recém terminado. Independentemente de qual seja o motivo para a época da publicação, esta encíclica atingiu o mundo “como uma bomba”. Obviamente, o papa havia subestimado em muito a resistência a este ensinamento. Isolado como se encontrava no Vaticano, ele não tinha previsto que a opinião pública mundial reagiria de forma tão negativa.
A encíclica Humanae Vitae, que não só proibia como pecados graves a pílula e todos os meios mecânicos de contracepção, mas também o método do coito interrompido para evitar a gravidez, foi universalmente considerada um desafio incrível. Invocando a infalibilidade do magistério papal, respectivamente do magistério episcopal, o papa se opôs a todo o mundo civilizado.
Isso me alarmou como teólogo católico. Nessa época, eu já lecionava teologia na faculdade de teologia católica da Universidade de Tübingen há oito anos. É claro que protestos formais e objeções substanciais eram importantes, mas será que não tinha chegado a hora de analisar esta reivindicação de infalibilidade do magistério papal em princípio? Eu estava convencido de que havia necessidade de teologia – ou, para ser mais exato, pesquisa crítica do ponto de vista da teologia fundamental.
Em 1970, eu coloquei o assunto em discussão em meu livro “Infalível? Um questionamento”. Na época, eu não podia prever que esse livro, e com ele o problema da infalibilidade, afetaria crucialmente o meu destino pessoal e que iria confrontar a teologia e a Igreja com desafios centrais. Nos anos 1970, a minha vida e a minha obra estavam, mais do que nunca, entrelaçadas com a teologia e a Igreja.
1979-1980: A retirada de minha licença para lecionar. No volume 2 de minhas memórias, intitulado “Verdade disputada”, descrevo em detalhes como isso foi uma campanha secreta executada com precisão militar, que  mostrou ser teologicamente infundada e politicamente contraproducente. Na época, o debate sobre a retirada de minha missio canonica e sobre a infalibilidade continuou por um longo tempo. Mostrou-se impossível prejudicar minha reputação entre os fiéis e, conforme eu havia profetizado, as controvérsias concernentes à reforma da Igreja em grande escala não cessaram.
Pelo contrário, durante os pontificados de João Paulo II e Bento XVI elas aumentaram maciçamente. Foi então que abordei a necessidade de promover o entendimento entre as diferentes denominações, o reconhecimento mútuo dos ministérios eclesiásticos e da celebração da Ceia do Senhor, a questão do divórcio, a ordenação de mulheres, o celibato obrigatório e a falta catastrófica de sacerdotes, mas sobretudo a liderança da Igreja Católica. A minha pergunta era: “Para onde vocês estão levando esta nossa Igreja?”
Estas questões são tão relevantes hoje quanto o eram naquela época. O motivo decisivo para esta incapacidade de reforma em todos os níveis ainda é a doutrina da infalibilidade do magistério eclesiástico, que legou um longo inverno à nossa Igreja Católica. Como João XXIII, Francisco está fazendo o melhor que pode para soprar um vento fresco para dentro da Igreja hoje e vem se deparando com uma oposição massiva, como no último sínodo episcopal em outubro de 2015. Mas não nos enganemos: sem uma “revisão” construtiva do dogma da infalibilidade, dificilmente será possível uma verdadeira renovação.
O mais surpreendente é que o debate (sobre a infalibilidade) saiu de cena. Muitos teólogos católicos não têm mais examinado criticamente a ideologia da infalibilidade por medo de sofrer sanções ameaçadoras, como no meu caso, e a hierarquia tenta, até onde for possível, evitar o assunto, que é impopular na Igreja e na sociedade.
Quando era prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Joseph Ratzinger só se referiu expressamente a ela umas poucas vezes. Apesar do fato de isso não ser dito, o tabu da infalibilidade bloqueou todas as reformas desde o Concílio Vaticano II, que teriam exigido a revisão de definições dogmáticas anteriores. Isso se aplica não só à encíclica Humanae Vitae contra a contracepção, mas também aos sacramentos e ao magistério católico “autêntico” monopolizado, bem como à relação entre o sacerdócio ordenado e o sacerdócio de todos os fiéis. E aplica-se igualmente a uma estrutura eclesiástica sinodal e à reivindicação do poder papal absoluto, à relação com outras denominações e religiões, assim como à relação com o mundo secular em geral. É por isso que a interrogação a seguir se faz mais urgente do que nunca: Para onde está indo a Igreja – que ainda se encontra fixada no dogma da infalibilidade – no começo do terceiro milênio? A época antimodernista iniciada pelo Concílio Vaticano I terminou.
2016: Estou em meu 88º ano de vida e posso dizer que não poupei esforços para reunir os textos relevantes, ordená-los por assunto e cronologicamente segundo as várias fases da confrontação e elucidá-los pondo-os em um contexto biográfico para o volume 5 de minhas obras completas. Com esse livro em mãos, agora gostaria de repetir um apelo ao papa que fiz repetidas vezes em vão durante a confrontação teológica e político-eclesiástica que se estendeu por décadas.
Peço encarecidamente ao Papa Francisco – que sempre me respondeu de forma fraternal:
“Receba esta documentação abrangente e permita uma discussão livre, sem preconceitos e aberta em nossa Igreja sobre todas as questões não resolvidas e suprimidas relacionadas com o dogma da infalibilidade. Dessa maneira, o legado problemático do Vaticano dos últimos 150 anos poderia ser enfrentado honestamente e ser resolvido em conformidade com a Sagrada Escritura e com a tradição ecumênica. Não se trata de um relativismo trivial que solapa o fundamento ético da Igreja e da sociedade. Mas também não se trata de um dogmatismo impiedoso, que mata o Espírito e se apega à letra, que impede a renovação completa da vida e do ensino da Igreja e obstrui um progresso sério no ecumenismo. Certamente não é o caso de eu querer pessoalmente ter razão. É o bem-estar da Igreja e do ecumenismo está em jogo.
Estou muito ciente do fato de que meu apelo ao senhor, ‘que vive entre lobos’, como observou recentemente um bom conhecedor do Vaticano, pode não ser oportuno. Em sua alocução de Natal, no dia 21 de dezembro de 2015, no entanto, confrontado com doenças e mesmo escândalos da Cúria, o senhor confirmou a sua vontade de reforma: ’Parece necessário dizer o que foi – e será sempre – objeto de reflexão sincera e de medidas decisivas. A reforma prosseguirá com determinação, clareza e firme resolução, porque Ecclesia semper reformanda [a Igreja deve ser reformada sempre]’.
Eu não gostaria de alimentar as esperanças de muitas pessoas em nossa Igreja de maneira irrealista. A questão da infalibilidade não pode ser resolvida de um dia para o outro na nossa Igreja. Felizmente, o senhor (Papa Francisco) é quase dez anos mais jovem que eu e, espero, irá sobreviver a mim. Com certeza o senhor vai, além disso, entender que, como teólogo no fim de seus dias, imbuído por uma profunda simpatia pelo senhor e seu trabalho pastoral, quis transmitir-lhe em tempo hábil este pedido de uma discussão livre e séria sobre a infalibilidade que está bem fundamentada neste volume: non in destructionem, sed in aedificationem ecclesiae, ‘não no intuito de destruir, mas de edificar a Igreja’. Para mim pessoalmente, esta seria a realização de uma esperança de que eu jamais desisti.”
Fonte:http://www.ihu.unisinos.br/noticias/552445-infalibilidade-o-apelo-de-hans-kueng-ao-papa-francisco
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Dogma da infalibilidade. Francisco responde ao apelo de Hans Küng
Quarta, 27 de abril de 2016
Hans Küng, o teólogo suíço, diz que recebeu uma carta do Papa Francisco que responde "ao meu pedido para dar espaço para uma discussão livre sobre o dogma da infalibilidade".
Küng se recusou a mostrar a carta ao National Catholic Reporter - NCR, citando "a confidencialidade que eu devo ao Papa", mas ele diz que a carta foi datada de 20 de março e enviada para ele através da nunciatura em Berlim logo após a Páscoa.
Küng diz que a carta mostra que "Francisco não estabeleceu nenhuma restrição" nas discussões.
http://www.periodistadigital.com/imagenes/2013/04/18/franciscung_560x280.jpg
A informação é publicada por National Catholic Reporter, 27-04-2016. A tradução é de Evlyn Louise Zilch. A nota é assinada por Denis Coday, editor do NCR.
Küng também disse que está muito animado com a recente exortação apostólica de Francisco, Amoris Laetitia (‘A Alegria do Amor'): “eu não poderia ter previsto quanta nova liberdade Francisco abriria na sua exortação pós-sinodal", escreveu Küng em um comunicado enviado ao NCR e outros meios de comunicação. “Já na introdução, ele declara: ‘Nem todas as discussões sobre questões doutrinais, morais ou pastorais precisam ser resolvidas por intervenções do magistério’”.
Küng escreve, "Este é o novo espírito que eu sempre esperei do magistério" e faz uma discussão sobre a infalibilidade possível.
Em 9 de março, Küng tinha emitido o que chamou de um "apelo urgente ao Papa Francisco para permitir uma discussão aberta e imparcial sobre infalibilidade do papa e bispos". O apelo foi lançado simultaneamente em vários idiomas e publicações.
A seguir está o texto da declaração de Hans Küng, sobre a carta do papa. A versão em inglês está sendo publicada simultaneamente pelo National Catholic Reporter e pelo The Tablet, hoje, 27-04-2016.
Hans Küng, cidadão suíço, é professor emérito de teologia ecumênica na Universidade de Tübingen, na Alemanha. O sexto volume de suas obras completas, Reforma da Igreja, é esperado ainda para este ano, de Herder.
Eis a nota.
Em 9 de março, o meu apelo ao Papa Francisco para dar espaço para uma discussão livre, sem preconceitos e aberta sobre o problema da infalibilidade apareceu nas principais revistas de vários países. Eu fiquei, assim, muito feliz ao receber uma resposta pessoal de Francisco imediatamente depois da Páscoa. Datada de 20 de março, ela foi encaminhada para mim pela Nunciatura em Berlim.
Na resposta do papa, os seguintes pontos são importantes para mim:
• O fato de Francisco ter respondido a tudo e não ter deixado o meu apelo cair em saco furado, por assim dizer;
• O fato de ele ter respondido por si mesmo e não por meio de seu secretário particular ou pelo secretário de Estado;
• Que ele enfatiza sua modo fraterno de sua resposta em espanhol ao tratar-me como Lieber Mitbruder ("Caro irmão") em alemão e exprime esse tratamento pessoal em itálico;
• Que ele claramente leu o apelo, onde eu, expressamente, anexara a tradução espanhola;
• Que ele apreciou muito as considerações que me levaram a escrever o Volume 5 de minhas obras completas, nas quais eu sugiro discutir teologicamente as diferentes pontos que o dogma da infalibilidade levanta à luz da Sagrada Escritura e da tradição, com o objetivo de aprofundar o diálogo construtivo entre a igreja do século 21 "semper reformanda" e as outras igrejas cristãs e a sociedade pós-moderna.
Francisco não expressou nenhuma restrição. Ele portanto respondeu ao meu pedido para dar espaço para uma discussão livre sobre o dogma da infalibilidade. Eu acho que agora é imperativo usar esta nova liberdade para avançar com a clarificação das definições dogmáticas, que são motivo de controvérsia no seio da Igreja Católica e em sua relação com as outras igrejas cristãs.
Eu não poderia ter previsto, no entanto, o tamanho da nova liberdade que Francisco abriria na sua exortação pós-sinodal, Amoris Laetitia. Já na introdução, ele declara: "Nem todas as discussões sobre questões doutrinais, morais ou pastorais precisam ser resolvidas por intervenções do magistério".
Ele problematiza a "fria moralidade burocrática" e não quer bispos que continuem a se comportar como se fossem "árbitros da graça". Ele vê a Eucaristia não como uma recompensa pelo perfeito, mas como "alimento para os fracos".
Ele repetidamente cita declarações feitas no Sínodo episcopal ou a partir de conferências episcopais nacionais. Francisco já não mais quer ser o único porta-voz da igreja.
Este é o novo espírito que eu sempre esperei do magistério. Estou plenamente convencido de que neste novo espírito uma discussão livre, imparcial e aberta do dogma da infalibilidade, esta questão chave fatídica do destino para a Igreja Católica, será possível.
Estou profundamente grato a Francisco por esta nova liberdade e renovo os meus sinceros agradecimentos com a expectativa de que os bispos e teólogos vão, sem reservas, adotar este novo espírito e se unirem nesta tarefa em concordância com as Escrituras e com a nossa grande tradição da igreja.
Fonte:http://www.ihu.unisinos.br/noticias/554196-dogma-da-infalibilidade-francisco-responde-ao-apelo-de-hans-kueng

Um comentário:

  1. Parabéns, D Hans Kung: estou muito favorável a conceder infalibilidade aos bispos!
    Só há 2 probleminhas: e se tivermos de um lado - temos varios casos - D Pedro Casaldáliga e outro como D Athanasius Schneider, kumekifika, dentre mais como esse?
    Mais um: acreditar nos nossos bispos conservadores ou nos cãoservadores, como nesse relativista Küng?

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