Papa Francisco, Falso Profeta?

É difícil encontrar quem não goste do Papa Francisco. Ele é bonachão, gente boa, humilde, amigo dos pobres, não gosta de riquezas e opulências, não implica com os homossexuais e nem com os abortistas. Dizem até que ele vai andar de fusca, e como se pode ver na foto acima, gosta de coisas simples. Maravilha, não é mesmo?

E se eu lhe disser que o Papa Francisco veio para destruir a igreja católica e blasfemar contra Cristo, você acreditaria? É verdade, e é como católico que eu lhe digo isso.

Francisco é o representante da maçonaria infiltrada na igreja, que finalmente conseguiu eleger o seu papa. É duro dizer, mas o demônio chegou ao papado. Ele é a besta do Apocalipse 13-11 ”que se veste como um cordeiro (símbolo de Cristo), mas fala como um dragão” (blasfema contra Deus).

Você lembra o que Paulo VI disse? “A fumaça de satanás de infiltrou na igreja”. E agora chegou ao seu vértice.

João Paulo I foi assassinado com apenas trinta dias de pontificado, lembra? Tentaram matar João Paulo II logo no início de seu pontificado com um tiro à queima roupa, lembra? E Bento XVI, coitado, foi tão perseguido que acabou tendo que renunciar, como se fosse um incompetente. Escândalos e mais escândalos estouraram em seu pontificado. Até seus documentos pessoais foram roubados, para poder chantageá-lo.

E agora com Francisco não existem mais escândalos sexuais nem financeiros. A mídia, controlada pela maçonaria o está endeusando, fazendo dele um ídolo, um líder inovador, um mito. Reis, rainhas e governantes têm vindo beijar o seu anel, em reverência a “sua santidade”. Que mudança brusca, não é mesmo?

Mas o que deseja Francisco? É simples: a luta entre Deus e o diabo continua. Como o diabo sabe que nada pode contra Deus, passar um tempinho sentado na cadeira de Pedro já está bom, pois de lá ele pode “abrir a boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar o seu nome, o seu tabernáculo e os habitantes do céu” (Apoc. 13-6).

Outra missão de Francisco é facilitar o surgimento do anticristo, pois ele trabalha segundo as ordens deste, pois está sob sua vigilância, como vemos em Apocalipse 13-12. Foi primeiro preciso “ferir o pastor” (Zacarias 13,7), ou seja tirar Bento XVI, para que as ovelhas fossem dispersas (os fies). A partir de agora haverá uma grande confusão e divisão dentro da igreja católica e no mundo todo, e no meio desta confusão surge o anticristo apoiado por Francisco, que aliás já declarou que o microchip (marca da besta) é benéfico para a humanidade, não existindo na Bíblia nada que impeça o seu uso (será que Francisco já leu o Apocalipse alguma vez?)

Outra missão suja de Francisco: promover o aborto e o homossexualismo no mundo. Estes dois pecados são abominações e dão poder à satanás. É por isso que tem dinheiro à vontade para promover parada gay no mundo todo e para praticar o aborto. No Brasil o próprio governo paga o médico para a mulher que queira abortar. Recentemente Francisco afirmou que os católicos são “obcecados” com o aborto e o homossexualismo. Sublimarmente ele disse: “esqueçam aborto e homossexualismo”. Aliás, quando esteve no Brasil Francisco não fez nada para evitar o aborto, cuja lei já estava pronta, e que agora foi assinada por Dilma.

Francisco está usando mensagens sublimares, para blasfemar contra a igreja, para ser mais claro, para avacalhar mesmo com ela.

Quando perguntado pela repórter o que achava do lobby gay dentro do vaticano, Francisco respondeu: “ser gay não tem problema”. E deu uma grande pausa. E depois continuou: “o problema é o lobby gay”.

A mensagem sublimarmente passada: o homossexualismo está liberado. Resultado: explosão do homossexualismo no mundo, tendo sido Francisco eleito o “homem do ano”, pela maior revista gay dos estados unidos. Eu já vi, na missa, vários casais gays se acariciando como se fosse a coisa mais normal do mundo. E ninguém pode falar nada, pois Francisco liberou, mesmo que sublimarmente.

Mas o pior de tudo é que Francisco está atentando contra o sacrifício de Cristo na Cruz. A blasfêmia maior de todas é a de negar o culto devido só a Deus para dá-lo às criaturas e ao próprio satanás.

Cristo derramou seu sangue na cruz para nos salvar. Foi para pagar o pecado de Adão e nos reconduzir ao Pai que Cristo se sacrificou por nós.

Agora, Francisco está anulando o sacrifício de Cristo. Recentemente ele disse: “não é preciso converter ninguém. Ajude o pobre e vá embora”.

Esta afirmação pode parecer bonita e caridosa, porém, ela elimina o sacrifício de Cristo.

Ajudar o pobre, o menor abandonado, o doente, a viúva desamparada e todos aqueles que precisam, é uma conseqüência do amor à Deus. Se amo à Deus, também amo ao meu próximo, e consequentemente o ajudo naquilo que ele precisa. Enquanto esteve na terra, Cristo ajudou intensamente os necessitados. Ajudar ao próximo é uma excelente atitude, que vai ajudar no nosso julgamento diante do Pai, pois “seremos julgados pelas nossas obras” (Rom 2-6).

Mas veja bem, o que salva não é a caridade. Jesus quando enviou os doze apóstolos disse: “Ide ao mundo e pregai o evangelho à toda criatura da terra. Aquele que crer e for batizado, será salvo, mas quem não crer será condenado” (Marcos 16-16).

Cuidado, você pode passar a vida toda fazendo caridade e ir para o inferno.

E é isso que o papa Francisco quer, lhe levar para o inferno. Ele quer tirar Cristo do centro e colocar os pobres, mas pobre não salva ninguém, quem salva é Cristo.

Outra armação pesada de Francisco: “todas as religiões levam a Deus”. Parece bonito não é mesmo? Assim sendo, você pode ir na macumba, que lá você irá encontrar a Deus também.

Mas pense nisto: só Cristo morreu na cruz, logo, o caminho para o céu, é somente através dele. Você já viu algum Buda crucificado? Maomé foi pra cruz? E Alan Kardec, passou por lá? Veja o que disse o próprio Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida;ninguém vem ao Pai senão por mim (João 14,6).

Repetindo o que disse Jesus:” Ninguém vem ao pai senão por mim”.

Cuidado: quando Francisco anunciar a criação da igreja ecumênica mundial, unindo todas as religiões, não caia na lábia dele. O que ele quer é lhe afastar de Cristo e levá-lo à Satanás.

Aqui novamente Francisco está querendo lhe levar para o inferno. Siga um caminho diferente ao de Cristo e você vai ver onde vai parar.

Aliás, recentemente Francisco disse que o inferno não existe mais. O que ele quer, é que você não creia mais na existência do inferno, para lhe mandar para lá.

“Roma perderá a fé, e converter-se-á na sede do anticristo". Sabe quem disse isto? Parece coisa de fanático, não é mesmo? Mas esta afirmação é de Maria, mãe de Jesus e nossa, em La salette, França em 1846, aparição reconhecida pela igreja. Veja a mensagem completa (http://www.rainhamaria.com.br/Pagina/366/Os-Segredos-de-La-Salette), você vai se surpreender.

Na verdade, a partir de La Salette, Maria antecipou o que iria acontecer no mundo. Em Fátima, Portugal, em 1917, Maria disse que o demônio se infiltraria até o vértice na igreja, além de ter previsto o fim da primeira guerra, a expansão do comunismo e o início da segunda guerra. Acredita-se que o fato do demônio ter chegado ao papado, faça parte do terceiro segredo de Fátima, que na verdade não foi divulgado.

Em Akita, Japão em 1973 Nossa Senhora disse: "O Diabo se infiltrará até mesmo na Igreja de tal um modo que haverá cardeais contra cardeais, e bispos contra bispos. Serão desprezados os padres que me veneram e terão opositores em todos os lugares. Haverá vandalismo nas Igrejas e altares. A Igreja estará cercada de asseclas do demônio que conduzirá muitos padres a lhe consagrar a alma e abandonar o serviço do Senhor".

Eu já vi dois padres, em uma emissora católica, em rede nacional, incentivar o casamento civil gay, e ainda citam as encíclicas do papa Francisco para justificar tal abominação. O que os padres não dizem, é que os afeminados vão para o inferno, pois “não vos enganeis: nem os impuros, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os devassos, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os difamadores, nem os assaltantes hão de possuir o Reino de Deus” (1Cor 6, 9-10), e também Apoc 21.8: Os tíbios, os infiéis, os depravados, os homicidas, os impuros, os maléficos, os idólatras e todos os mentirosos terão como quinhão o tanque ardente de fogo e enxofre, a segunda morte. Se você ler as mensagens marianas como La Salette, Akita, Fátima, Lourdes e outras, vai se surpreender com o que Maria tem dito. O problema é que Deus e sua mãe foram esquecidos por esta geração.

Assim sendo, o aviso foi dado. Muita coisa ainda vai acontecer daqui para frente. Fique atento pois Cristo realmente está voltando para instalar seu definitivo reino de amor. Não fique de fora.

Movimento de Resistência Católica Viva Bento XVI

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domingo, 15 de abril de 2018

A reforma do Papa Francisco já foi escrita por Martinho Lutero

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por Sandro Magister
Muito tem sido escrito no desenho do equilíbrio dos primeiros cinco anos do pontificado de Francisco e sua "revolução", verdadeira ou imaginária.
Mas raramente, ou nunca, foi feito com a nitidez e amplitude de visão da análise publicada abaixo.
O autor, Roberto Pertici, 66 anos, é professor de história contemporânea na Universidade de Bergamo e dedicou seus estudos mais importantes à cultura italiana dos séculos XIX e XX, dando especial atenção à relação entre Estado e Igreja.
Este ensaio é inédito e é publicado pela primeira vez em Settimo Cielo.
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O FIM DO "CATOLICISMO ROMANO"?
por Roberto Pertici
1. Neste ponto o pontificado de Francisco Eu acho que pode-se argumentar, razoavelmente, que marca o crepúsculo desta impressionante realidade histórica que pode ser definida como "catolicismo romano".
Sejamos claros: isso não significa que a Igreja Católica está em seu ponto final, ela está decaindo da forma como ela foi estruturada e autorrepresentada historicamente ao longo dos séculos passados.
Na verdade, parece claro que este é o projeto que conscientemente aponta o grupo de expert  que circundam Francisco: um projeto entendido como resposta extrema a crise nas relações entre a Igreja e o mundo moderno e também como um pré-requisito para um renovado caminho ecumênico em comum com outras denominações cristãs, especialmente os protestantes.
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2. Por "catolicismo romano" compreender esta grande construção histórica, teológica e jurídica que começa a partir da helenización (no aspecto filosófico) e da romanização (no aspecto político-jurídico) do cristianismo primitivo, e que baseado na primazia do sucessor de Pedro, tal como emerge da crise de mundo antigo e tardio e do arranjo teórico da era gregoriana ( "Dictatus Papae").
Nos séculos seguintes, a Igreja também concedeu o seu próprio direito interno, o direito canônico, que tem a lei romana como um modelo. E este elemento jurídica ajudou a moldar gradualmente uma organização hierárquica complexa com os regulamentos precisos internos que regem a vida da "burocracia do celibatário" (a expressão é Carl Schmitt) que gerencia e também os leigos que fazem parte disso.
O outro momento decisivo de formação do "catolicismo romano" é, finalmente, o eclesiologia elaborado pelo Concílio de Trento, que confirma a centralidade da mediação eclesial para a salvação, em contraste com as teses luteranas do "sacerdócio Universal  "e que, portanto, define o caráter hierárquico, único e central da igreja; Seu direito de controlar e, se necessário, condenar as posições que contrastam com a formulação ortodoxa das verdades da fé, e seu papel na administração dos sacramentos.
Essa eclesiologia encontra o seu selo sobre o dogma da infalibilidade papal proclamada pelo Concílio Vaticano I, testado oitenta anos mais tarde com a afirmação dogmática da Assunção de Maria ao céu (1950) que, juntamente com a proclamação Dogmática anterior na sua Imaculada Conceição (1854) também confirma a centralidade na devoção Mariana.
No entanto, seria restritiva para limitar-nos ao que temos dito até agora. Porque há ou melhor, havia também uma generalizada "Eu me sinto Católico", que consiste em:
- uma atitude cultural baseada num realismo sobre a natureza humana, por vezes desencantada e disposta a "entender tudo" como premissa de "perdoar tudo";
- uma espiritualidade não ascética, que incluía certos aspectos materiais da vida, que não estava disposto a desprezar;
- um compromisso na caridade diária para com os humildes e necessitados, sem a necessidade de idealizá-los ou torná-los novos ídolos;
- uma disposição para ser representada também na própria magnificência e, portanto, também disponível às razões da beleza e das artes como testemunho de uma suprema Beleza à qual o cristão tende;
- uma sutil investigação dos movimentos mais recônditos do coração, da luta interior entre o bem e o mal, da dialética entre as "tentações" e a resposta da consciência.
Pode-se dizer, portanto, que o que eu chamo de "catolicismo romano" entrelaça três aspectos, além do claramente religioso: estético, legal e político. É uma visão racional do mundo que se torna uma instituição visível e compacta, e que fatalmente entra em conflito com a ideia de representação que emerge na modernidade e que se baseia no individualismo e numa concepção de poder que, subindo de baixo, acaba pondo em discussão o princípio da autoridade.
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3. Este conflito é considerado de formas diferentes, muitas vezes opostas, por aqueles que o analisaram. Carl Schmitt dirigiu um olhar admirado para a "resistência" do "catolicismo romano", considerada a última força capaz de conter as forças dissolventes da modernidade. Outros criticaram duramente: nessa luta, a Igreja Católica teria destacado, de maneira ruinosa, suas características jurídico-hierárquicas, autoritárias e externas.
Além das avaliações opostas, o que é certo é que nos últimos séculos o "catolicismo romano" foi forçado a ficar na defensiva. O que tem sido progressivamente discutido em sua presença social tem sido, sobretudo, o nascimento da sociedade industrial e o consequente processo de modernização, que pôs em marcha uma série de mudanças antropológicas ainda em curso. Como se "o catolicismo romano" fosse "orgânico" (expressando-o na linguagem veto-marxista) para uma sociedade agrária, hierárquica e estática baseada na penúria e no medo e que não tem relevância, no entanto, em uma sociedade "afluente" , dinâmico, caracterizado pela mobilidade social.
O Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965) deu uma primeira resposta a essa situação de crise. De acordo com o Papa João XXIII, que o havia convocado, teve que realizar uma "atualização pastoral"; isto é, de olhar com novo otimismo o mundo moderno. Em suma, enfim, abaixar a guarda: não se tratava mais de realizar um duelo secular, mas de abrir um diálogo e realizar um encontro.
O mundo, naqueles anos, estava passando por mudanças extraordinárias e um desenvolvimento econômico sem precedentes: provavelmente a mais sensacional, rápida e profunda revolução da condição humana da qual temos notícias na história (Eric J. Hobsbawm). O Concílio contribuiu para essa mudança, mas por sua vez foi subjugado por ele: o ritmo das "atualizações" - favorecido também pela transformação ambiental vertiginosa e pela convicção geral, cantada por Bob Dylan, de que -"os tempos estão mudando” - saiu do controle da hierarquia ou, pelo menos, da parte que queria realizar uma reforma, não uma revolução.
Assim, entre 1967 e 1968 assistiu-se à "mudança" de Paulo VI, que se expressou em uma análise preocupante da turbulência de maio de 68 e, mais tarde, da "revolução sexual", contida na encíclica "Humanae vitae" de Julho de 1968. O pessimismo que veio durante os anos sessenta que o grande pontífice foi tal que, conversando com o filósofo Jean Guitton, ele se perguntou e perguntou-lhe, lembrando de uma passagem perturbadora do Evangelho de Lucas: "Quando o Filho do homem vier, encontrará fé na terra? " E acrescentou: "O que me surpreende, quando considero o mundo católico, é que às vezes dentro do catolicismo um tipo de pensamento não católico parece predominar e pode acontecer que esse pensamento não católico dentro do catolicismo se torne, amanhã, o predominante" .
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4. Sabe-se qual foi a resposta dos sucessores de Paulo VI a esta situação: conjugação de mudança e continuidade; levar a cabo, em relação a algumas questões, as correções oportunas (memoráveis, a partir deste ponto de vista, a condenação da "teologia da libertação"); buscar um diálogo com a modernidade que fosse, ao mesmo tempo, um desafio: sobre os temas da vida, a racionalidade do homem, a liberdade religiosa.
Bento XVI, no que foi o verdadeiro texto programático de seu pontificado (o discurso à Cúria Pontifícia de 22 de dezembro de 2005), confirmou um ponto firme: que as grandes decisões do Vaticano II deviam ser lidas e interpretadas à luz da tradição anterior da Igreja e, portanto, também da eclesiologia que emergiu dos concílios de Trento e Vaticano I. Também pela simples razão de que você não pode negar formalmente a fé crida e vivida por geração após geração sem introduzir um "vulnus" irreparável na auto-representação e na percepção difundida de uma instituição como a Igreja Católica.
Conhece-se a enorme rejeição que causou esta linha não só "extra ecclesiam", manifestada em uma agressão midiática e intelectual contra o Papa Bento XVI absolutamente sem precedentes, mas também - de uma maneira nicodêmica e no murmúrio inerente ao mundo clerical - no corpo eclesiástico , que fundamentalmente deixou só este Papa nos momentos mais críticos do seu pontificado. Isso, creio eu, foi a causa de sua renúncia em fevereiro de 2013, que, além das interpretações tranquilizadoras, foi e é um evento histórico cujos motivos e implicações de longo prazo ainda precisam ser aprofundados.
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5. Esta foi a situação herdada pelo Papa Francisco. Limito-me apenas a mencionar os aspectos biográficos e culturais que fizeram de Jorge Mario Bergoglio "ab initio" indiferente em parte ao que chamei de "catolicismo romano":
-a natureza periférica da sua formação, profundamente enraizada no mundo latino-americano e que torna difícil encarnar a universalidade da igreja ou, pelo menos, empurrá-lo para vivê-la de uma forma nova, encurralando a civilização européia e americana;
-sua pertença a uma ordem como a companhia de Jesus que, no último meio século, realizou uma das mais clamantes reposições políticas-culturais de que se tem notícias na história recente, passando de uma posição "reacionária" para uma diferentemente  "revolucionária" e, portanto, provando um pragmatismo, em muitos aspectos, digno de reflexão;
-seu ser alheio ao elemento estético do "catolicismo romano", sua ostentação de qualquer representação da dignidade do ofício (os apartamentos Pontifícios, a capa vermelha e o aparato Pontifício habitual, os carros de representação, a residência de Castel Gandolfo) e o que ele chama de "costumes do Príncipe renascentista" (começando com o atraso e, mais tarde, ausência de um concerto de música clássica em sua homenagem no início do seu pontificado).
Eu tentaria antes destacar o que pode ser, na minha opinião, o elemento unificador das múltiplas mudanças que o Papa Francisco está introduzindo na tradição católica.
Eu faço isso com base em um pequeno livro de um eminente homem da Igreja, geralmente considerado o teólogo referência do atual pontificado e que foi eloquentemente citado por Francisco em seu primeiro Angelus, em 17 de março de 2013, quando disse: "nestes dias pude ler um livro de um cardeal - o cardeal Kasper, um teólogo competente, um bom teólogo - sobre misericórdia, e este livro me causou um grande bem, mas não pense que estou fazendo publicidade dos livros dos meus cardeais. Não é assim, mas me fez muito bem, muito bem ".
O livro de Walter Kasper ao qual me refiro intitula-se: "Martinho Lutero, uma perspectiva ecumênica", e é a versão reformulada e ampliada de uma conferência que o cardeal proferiu em 18 de janeiro de 2016 em Berlim. O capítulo sobre o qual quero chamar a atenção é o sexto: "Notícias ecumênicas de Martinho Lutero".
O capítulo inteiro é construído sobre um argumento binário, segundo o qual Lutero foi induzido a aprofundar a ruptura com Roma principalmente por causa da recusa do papa e dos bispos em realizar uma reforma. Foi apenas na surdez de Roma, escreve Kasper, que o reformador alemão, "com base em sua compreensão do sacerdócio universal, teve que se contentar com uma ordenança de emergência". No entanto, ele continuou a confiar no fato de que a verdade do Evangelho impor-se-ia por si mesma, deixando assim, a porta fundamentalmente aberta para um possível entendimento futuro ".
Mas também no lado católico, no início do século XVI, muitas portas permaneceram abertas; Em suma, havia uma situação fluida. Kasper escreve: "Não havia uma eclesiologia católica harmoniosamente estruturada, mas apenas abordagens, que eram mais uma doutrina sobre hierarquia do que uma verdadeira eclesiologia. A elaboração sistemática da eclesiologia será levada a cabo na teologia da controvérsia, como antítese. às polêmicas da Reforma contra o papado O papado se torna assim, de uma maneira sutil e então desconhecida, a marca de identidade do catolicismo, a respectiva tese e antítese confessional se condicionaram e se bloquearam mutuamente.
Portanto, de acordo com o significado completo do argumento de Kasper, agora é necessário proceder a uma "desconfessionalização" das confissões reformadas e, também, da Igreja Católica, mesmo que isso nunca tenha sido considerado uma "confissão". , mas a Igreja universal. Devemos retornar a algo semelhante à situação que precedeu a eclosão de conflitos religiosos do século XVI.
Enquanto em ambito Luterano esta "desconfesionalização" já foi amplamente realizada (com a secularização conduzida por essas sociedades, também os problemas que estavam na base das controvérsias confessionais tornaram-se irrelevantes para a grande maioria dos cristãos "reformados"), na esfera católica ainda há muito a ser feito devido à sobrevivência de aspectos e estruturas do que chamei de "catolicismo romano". Portanto, o convite para a "desconfionalização" é dirigido sobretudo ao mundo católico. Kasper o invoca como uma "redescoberta da catolicidade original, não restrita a um ponto de vista confessional".
Para isso, seria necessário superar definitivamente a eclesiologia tridentina e a do Vaticano I. Segundo Kasper, o Concílio Vaticano II abriu o caminho, mas sua recepção foi controversa e nada linear. Daí o papel do atual pontífice: "Papa Francisco, abriu uma nova fase neste  processo de acolhida para destacar a eclesiologia do povo de Deus, o povo de Deus a caminho, no sentido da fé do povo de Deus, a estrutura Sinodal da Igreja. e para a compreensão da unidade coloca em jogo uma nova abordagem interessante. Descreve a unidade ecumênica não com a imagem de círculos concêntricos em torno do centro, mas com a imagem do poliedro, ou seja, uma realidade com mais caras ;. não um quebra-cabeça unido desde o exterior,  mas um todo que, em comparação com uma pedra preciosa, é um todo que reflete a luz que a golpeia de maneira maravilhosamente múltipla. Referindo-se a Oscar Cullmann, o Papa Francisco retoma o conceito de diversidade reconciliada ".
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6. Se reconsiderarmos brevemente a essa luz os comportamentos de Francisco que causaram mais impacto, entenderemos melhor a lógica unitária:
- mostrar, desde o dia de sua eleição, sua posição como bispo de Roma, e não como pontífice da Igreja universal;
- sua desestruturação da figura canônica do pontífice romano (seu famoso: "Quem sou eu para julgar?"), com base na qual, portanto, não há apenas os motivos característicos mencionados acima, mas uma razão mais profunda , de natureza teológica;
- a perda da potencialização prática de alguns dos sacramentos mais característicos do "sentimento católico" (confissão auricular, casamento indissolúvel, a Eucaristia), realizada por razões pastorais de "misericórdia" e "acolhida";
- a exaltação da "parresía" dentro da Igreja, da confusão supostamente criativa, à qual a visão da Igreja está ligada quase como uma federação de Igrejas locais, dotada de amplos poderes disciplinares, litúrgicos e, também, doutrinais.
Algumas pessoas se escandalizam com o fato de que uma interpretação de "Amoris Laetitia" será válida na Polônia, diferente da da Alemanha ou da Argentina em relação a pessoas divorciadas que se casaram novamente. Mas Francisco poderia responder que são faces diferentes daquele poliedro que é a Igreja Católica, à qual pode ser acrescentado mais cedo ou mais tarde - por que não? - também nas igrejas reformadas pós-luteranas, em um espírito, precisamente, de " diversidade reconciliada ".
É fácil prever que os próximos passos neste caminho serão um repensar da catequese e da liturgia em sentido ecumênico; também neste caso, considerando os pontos de partida, o caminho que aguarda o lado católico é muito mais árduo do que o do lado "protestante"; haverá também uma perda de potencialização da ordem sagrada em seu aspecto mais "católico", isto é, no celibato eclesiástico, com o qual a hierarquia católica também deixará de ser a "burocracia celibatária" de Schmitt.
É mais fácil compreender, então, a verdadeira exaltação da figura e a obra de Lutero pelos vértices da Igreja Católica, por ocasião dos quinhentos anos de 1517, até o disputado selo comemorativo que lhe foi confiado pelos Correios do Vaticano. ele e Melanchthon aos pés de Jesus na cruz.
Pessoalmente, não tenho dúvidas de que Lutero é um dos gigantes da "história universal", como costumava ser dito antes, mas "est modus in rebus": acima de tudo, as instituições devem ter uma espécie de modéstia quando ocorrem mudanças nessas dimensões, ou ser ridicularizado: o mesmo que sentíamos no século XX, quando vimos os comunistas reabilitarem em uníssono e, por ordem e comando, os "hereges" condenados e combativos  valentemente até o dia anterior: o "contraordem, camaradas! " das vinhetas de Giovannino Guareschi.
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7. Se, portanto, ontem o "catolicismo romano" foi considerado um corpo alheio à modernidade, alienação que não foi perdoada, é natural que seu declínio seja saudado hoje com alegria pelo "mundo moderno" em suas instituições políticas, mediáticas e culturais e que, portanto, o atual pontífice seja visto como a pessoa que cura essa fratura entre os vértices eclesiásticos e o mundo da informação, das organizações e "grupos de especialistas" internacionais que, iniciado em 1968 com a "Humanae vitae", aprofundou-se com os sucessivos pontificados.
E também é natural que grupos eclesiásticos e círculos que quisessem superar a Igreja Tridentina nos anos 60, lendo nesta perspectiva o Vaticano II, depois de ter vivido escondido nos últimos quarenta anos, tenham sido expostos e, com seus herdeiros leigos e eclesiásticos figuram entre os componentes daquela "confiança cerebral" à qual ele aludiu no início.
No entanto, algumas questões que precisariam de reflexões adicionais e difíceis permanecem abertas.
A operação iniciada pelo Papa Francisco e sua "comitiva" terá um sucesso duradouro ou acabará encontrando resistência dentro da hierarquia e do que resta do povo católico, maior do que os marginais que surgiram até agora?
Que tipo de nova realidade "católica" dará vida à sociedade ocidental?
E, mais genericamente: que consequências terá em toda a esfera cultural, política e religiosa do mundo ocidental que, embora tenha alcançado um amplo nível de secularização, teve um de seus pilares precisamente no "catolicismo romano"?
É preferível que os historiadores não façam profecias e se contentem em compreender alguma coisa, se o conseguirem, nos processos em andamento.
Fonte: http://magister.blogautore.espresso.repubblica.it/2018/04/13/la-reforma-de-bergoglio-ya-la-escribio-martin-lutero/

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